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Foto: Nola Fotografia |
Quando eu digo que curso
jornalismo, as pessoas costumam falar: “vai ser o novo William Bonner”, “vai
ser o novo Evaristo Costa”. Quando digo que eu gosto de escrever e de
literatura, me dizem: “vai ser o novo Rubem Alves” (que pretensão). E assim vai, para cada tarefa
que faço, um novo ícone é lançado como sendo o meu suposto objetivo de vida.
Mas não me interessa ser nenhum
deles! Eles são maravilhosos, mas não quero ser a nova versão de ninguém. Primeiro,
porque é impossível ser outra pessoa, correto? Segundo, porque a única pessoa
que eu quero ser é um novo eu.
Mas parece que o importante é
comparar, enaltecer uns e diminuir outros. Colocam em nossas cabeças que
precisamos ter o mesmo sucesso de alguém. Essa semana, li uma frase que dizia
que não devemos comparar nossos bastidores com o palco do vizinho. Isso foi um
choque de realidade.
Eu estava acostumado a achar que
não conseguiria ter leitores no blog, seguidores nas redes sociais e, o que
mais me afligia, ter uma carreira no jornalismo, mesmo com minha essência pedindo
literatura. Eu via tantos escritores tendo sucesso com seus projetos, tantos
jornalistas escrevendo e lançando livros. Mas o sucesso era sempre com eles e
nunca comigo, eu nem tentava imaginar o tamanho do trabalho que eles tinham com
seus blogs. Queria ser igual a eles, chegar naquele patamar.
Fui me moldando para fazer essas
coisas acontecerem, mas não aconteciam. Mas o que eu sabia sobre o trabalho
deles? Se eu detesto ser comparado aos outros, por que eu estava me fazendo
essas mesmas comparações? Assim como eles, eu precisaria trabalhar duro em meus
objetivos, pois o sucesso deles não veio por acaso, não foi fácil. Precisei
repensar isso, rever certas atitudes e a conclusão foi simples: eu não quero o
lugar de ninguém, quero conquistar o meu lugar.
O primeiro passo foi parar de
olhar para o gramado verde do vizinho e cuidar mais do meu jardim. Me recordo
que, há quatro anos, o único lugar para onde meus textos iam era a minha
gaveta. Então criei o blog. E isso não foi nada, pois tive que aprender a usar
as plataformas, tive que conseguir público, desenvolver minha escrita e tantas
outras habilidades. Durante o curso de jornalismo, vi diversos blogs – semelhantes
ou não ao meu – surgirem e serem
abandonados por colegas que viram que não é simplesmente publicar e deixar o
conteúdo lá.
Anos depois, o mesmo blog ainda
me dá muito trabalho, mas ele se tornou o meu diferencial e, graças a ele,
consegui estágios, freelas, amigos,
leitores e a coluna no portal de notícias. E eu não poderia esquecer essas
conquistas pelo simples fato de não ter o mesmo número de acessos que um outro blog
tenha. Cada vitória, por menor que seja, e cada espaço que consegui abrir para
meu trabalho foi porque fui eu mesmo, porque eu não quis ser alguém diferente.
Quando disse lá no começo que só
quero ser um novo eu, não é mentira. Minhas referências me inspiram e me ajudam
a me (re)compor. Então, quero ser eu
mesmo de maneiras novas para me renovar... me reinventar, pois é isso que
movimenta minha escrita e é isso que faz a minha arte. São os meus estados
emocionais, as minhas fases, os degraus que subo e todas as mudanças, as que eu
sofro e também as que eu promovo. Tudo isso faz parte da minha trilha que é
única, ou seja, não é igual a de mais ninguém.
A gente caminha melhor quando
sabe que cada um faz seu próprio caminho.
Diogo Souza, em 4 de
setembro de 17
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