O texto da
semana é uma reflexão sobre o Cara do Espelho (!) feita por um amigo da
faculdade, Adeilton Nogueira, ele é padre e professor de Filosofia.
Quando
conheceu a página do blog no Facebook, ele acabou se interessando pelo nome do
blog e também pela imagem de capa da fanpage, a partir daí escreveu uma “análise”
do Cara do Espelho a qual compartilho com vocês neste domingo.
Boa leitura
e reflitam. J
O Espelho do Cara
Por Adeilton Nogueira
O que me chamou a atenção foi mesmo o nome da fã
page: "Cara do espelho".
Primeiro Espelho porque a figura simbólica do
espelho me traz inúmeras sugestões oportunas sobre tema muito caro para mim: o
reflexo e suas conotações psicológicas e filosóficas.
O espelho é um instrumento muito antigo, tão
ligado a imagem refletida que poderia dizer que ele existe em razão da
própria imagem refletida. Sem reflexo, sem objeto não tem razão de ser
espelho.
Nas minhas primeiras aulas de filosofia, como
professor, sempre inicio convidando os alunos a uma reflexão sobre a
própria reflexão: Que coisa é a reflexão? Portanto, sobre o espelho e suas
propriedades; sobre o espelho e suas semelhanças com o pensamento, sobre a
razão e a racionalidade. Que coisa é mesmo a reflexão?
Para iniciar uma exposição sobre o pensar sugiro
uma troca de experiências com o espelho.
O espelho basicamente reflete a imagem que se lhe
dirige. Espelho é reflexo. Nem todo vidro é espelho, nem todo
metal é espelho embora algo do objeto se veja refletido neles.
Outro aspecto fundamental é a luz. O espelho
necessita da luz. Sem luz, por mínima que seja, não será possível ver algo
refletido. O espelho é tão sensível ao objeto quanto o é à luz.
Sem luz não há reflexo. Aqui surge a explosão que dá origem à "verossimilhança"
do espelho com o pensar.
Luz vem do grego ideos. Agora entendemos por
que ideia é a iluminação da razão quando surge um novo pensamento.
Não haverá ideia sem que ela esteja sendo pensada, sem que ela esteja em
pensamento, em processamento de razão. Isto é a racionalidade: a
operacionalidade da razão.
Pois bem, o espelho é, ao meu ver, um dos
melhores símbolos do que é o pensamento, consequentemente, a ideia e
a reflexão. A ideia é o objeto que quando entra em reflexão vira pensamento.
O pensamento é o todo, o objeto em reflexão e a reflexão do pensamento. O
espelho está mais próximo do pensamento do que do objeto e da reflexão. O
objeto é a coisa em si que pode ser refletida. A reflexão é a
projeção do objeto, sua transformação ou captura em imagem, sua abstração, de
coisa ao seu reflexo.
A figura da fanpage é deveras sugestiva. Um
"cara" convidando ou apresentando o espelho que ainda não reflete o
visionário que, por sua vez, seria aquele que se posiciona à sua
frente. Parece que a figura sugere ou pretende uma projeção de quem se
aproximar, e não de si mesmo, não do autor da fanpage.
Quem se dispuser a "entrar" no espelho do
"cara" esperando descobri-lo certamente se descobrira também, pois o
"cara" pretende fazer da fanpage um espelho.
Adeilton Nogueira,
em 26 de setembro de 2014
Você pode
acessar o blog de poesias do Padre Adeilton clicando aqui!